quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ECONOMIAS EMERGENTES

Os "países emergentes" são países em desenvolvimento com crescimentos económicos significativos, possuindo vantagens específicas com um elevado número de quadros técnicos e grandes recursos naturais. São países especializados no fabrico e exportação de produtos intensivos em conhecimento,( ex: Malásia, Singapura e Tailândia). São países especializados na exportação de matérias - primas com elevada intensidade de recursos naturais, ( ex: Brasil, Argentina, Chile). São países especializados em trabalho intensivo diversificado para as áreas de alta tecnologia, ( ex: China, Índia ). Portugal não tem tecnologia suficiente para competir com os países mais avançados nos sectores de alto valor acrescentado. Os países emergentes realizaram uma " Reorganização Global" dos processos produtivos, resultado de grandes investimentos directos estrangeiros ( IDE ) que receberam, face aos seus produtos internos brutos, que em 2005 atingiram um valor acumulado de 6% na Índia, 14% na China e 40% nos países de Leste. Na zona euro, nas suas importações de bens do exterior, os países emergentes aumentaram a posição de 12,5% em 1990 para 30% em 2006. Países como China e Índia, dado o seu elevado crescimento, têm oferecido oportunidades para Portugal, quer nas trocas comerciais, quer nas trocas de investimento. A Índia é uma das maiores economias do mundo, com taxas de crescimento anuais da ordem dos 7%. Ao contrário da China que apostou inicialmente na indústria para a sua exportação, a Índia apostou nos serviços. A Índia proporcionou serviços de subcontratação (outsourcing) a empresas de serviços ocidentais, em sectores topo de gama, como a informática, a consultoria e a saúde.
A população é muito jovem, pelo que nas universidades topo de gama ,chegam a existir 700 candidatos por vaga. As universidades estão a ter um grande desenvolvimento, saindo todos os anos 3 milhões de licenciados. Em sectores como a produção de energia eólica, o país é já um líder. O turismo é um sector de grandes potencialidades, pois o país tem cerca de 5 milhões de visitantes por ano, menos de metade de Portugal. A zona de Goa é uma das zonas de maior procura, dadas as suas praias e monumentos históricos portugueses, ainda que muitos se encontrem bastantes degradados. Espera -se um centro de turismo mundial. O pais tem uma enorme diversidade de paisagens e a norte estão a desenvolver o turismo de ski nos Himalaias.Face à China, existe a vantagem da língua inglesa. Recentemente as empresas portuguesas estão a apostar neste país, especialmente em nichos de mercado: no calçado e nas pescas onde já existem parcerias. Portugal deveria aproveitar os laços familiares existentes, em especial na zona de Goa, onde  poderia investir no sector hoteleiro. Inversamente, existem muitas empresas indianas a globalizar -se e a investirem na Europa, em vários sectores. A China é hoje uma economia gigante com um crescimento anual significativo. Todos os países estão a tentar entrar no mercado chinês. Hoje existem pouco mais de 100 empresas portuguesas a comercializar com a China, das quais cerca de 25 têm feito investimentos. Trata -se de um mercado longínquo e de difícil entrada. As exportações portuguesas para a China são ainda pequenas. Os principais produtos são materiais de construção,  cortiça, mármore, mosaicos vestuário, calçado, vinho e bebidas. A importação de bens da China será a opção de negócio mais simples. Qualquer empresa independentemente do tamanho, poderá facilmente importar produtos com todo o apoio das autoridades chinesas. São cada vez mais, os navios chineses que chegam ao porto de Sines, com produtos para o mercado ibérico, que têm custos de transporte mais baratos, ao regressarem com exportações. Assim, em vez do plástico para reciclar que levam de novo para a China, poderiam levar produtos de maior valor acrescentado. As empresas portuguesas poderiam enviar produtos como  as mármores do Alentejo. Por outro lado, a nível do turismo, Portugal poderá captar mais turistas chineses: os chineses estão a ficar mais ricos e querem conhecer o Ocidente. O entretinimento, o desporto, a educação, a saúde ,os serviços financeiros e os transportes constituem várias oportunidades. No futebol, Figo e Ronaldo são bem conhecidos na China, permitindo a publicidade de marcas portuguesas com as suas imagens. O ensino da língua portuguesa e as trocas de cursos universitários podem ser outra opção. A deslocalização da produção parcial/ total para a China, é uma outra hipótese de negócio. Existem já várias empresas portuguesas utilizando esta opção, para sectores como os têxteis e o calçado, exportando depois para outros países para além de venderem em Portugal.  Afirmam  os países emergentes: Portugal é " o país que deu novos Mundos ao Mundo".

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A CRISE ECONÓMICA EM QUE VIVEMOS

 Será que estamos a viver perante a maior crise internacional das nossas vidas?

Habituados a viver acima das nossas possibilidades por uma significativa facilidade de acesso ao crédito, e sem dispor da competitividade e da produtividade necessárias para sustentar o nosso nível de vida, teremos de o ajustar às nossas capacidades, com todas as consequências económicas, sociais e políticas que possam daí surgir. O problema económico com que nos defrontamos - a crise nacional - provém do processo de convergência das taxas de juro decorrente da nossa entrada no euro: o facto das taxas de juro terem descido para um patamar muito inferior, aumentou a capacidade de endividamento pelo recurso ao crédito, permitindo aos agentes económicos aumentar o seu consumo de bens e serviços. A capacidade de endividamento desencadeou na economia um grande choque expansionista, estimulando a procura interna.
Consumir cada vez bens mais baratos e menos duradouros, não aumenta o estado de satisfação das pessoas. Não se trata, de suspender o consumo, mas sim de criar novos horizontes de consumo, não só ao nível dos bens, mas também da forma como eles são consumidos. Trata -se de uma nova cultura de consumo mais sofisticada, menos viciada  nas montanhas de produtos inúteis e na espiral de consumo que nos levou ao irremissível endividamento; uma cultura de consumo ambiental e socialmente motivada, que implique mais conhecimento e inovação.
Mas o problema económico português é mais complexo e tem outras vertentes: a economia portuguesa foi confrontada com a concorrência das chamadas economias emergentes, nomeadadmente a China. Estas economias surgiram a disputar os segmentos de mercado de baixa ou média tecnologia, onde Portugal se "especializou", oferecendo custos mais baixos. Portugal confronta -se com o dilema de concorrer pelos custos - tendo que empobrecer para o efeito -, ou de progredir na escala tecnológica e aumentar a sua produtividade, melhorando o seu nível de vida. Por outro lado, o País confronta-se com um considerável envelhecimento da população com efeios inevitáveis na sustentação do modelo social em que temos vivido. Por isso, a solução do nosso problema passa por ações de curto e longo prazo.
No curto prazo, será necessário estabilizar os desequilíbrios financeiros - nas contas públicas e nas contas externas - e ganhar produtividade através dos custos, para que a economia possa crescer a taxas razoáveis e reduzir o desemprego para níveis socialmente aceitáveis, No longo prazo, será necessário visar o aumento da produtividade e renegociar o contrato social, tornando - o sustentável. Para ser sustentável terá que ser capaz de, simultaneamente, promover a eficiência e o crescimento económico. Para promover a eficiência é necessário, favorecer a flexibilidade laboral e a concorrência no mercado do produto.
Tendo em conta que Portugal tem crescimentos abaixo da zona euro e elevados níveis de desemprego, deverá reduzir o seu défice: as empresas devem ser mais eficientes e as famílias devem poupar mais. Portanto será necessário aumentar significativamente as exportações e /ou substituir as importações.
Torna -se crucial aumentar a competitividade da economia, condição necessária para o equilíbrio da mesma. Ora para uma economia se manter competitiva tem que ser capaz de atrair o investimento necessário para empregar adequadamente a sua população ativa. A crise estrutural da economia portuguesa, que dura há cerca de uma década, cruza -se hoje com uma crise mais geral que afeta toda a zona euro.  Se não for possível resolver, de forma socialmente aceitável, a crise financeira, sem perspetivas de crescimento, a União Monetária poderá não conseguir sobreviver muitos mais anos. É um facto que a Europa se deixou arrastar pelo crédito fácil e barato o que provocou uma grave crise. Os que agora, reavaliando os riscos dos seus investimentos , teem feito subir as taxas de juro da dívida pública são, os mesmos que, no passado as tinham feito baixar antes e, que,  permitiram financiar modos de vida acima das posses das sociedades agora em situação financeira difícil. A saída da crise será marcada por uma nova ordem económica mundial suportada num novo paradigma de desenvolvimento que privilegie a inovação tecnológica, a produção, uma indústria de serviços eficiente e racionalizada e um sistema financeiro regulado acompanhado de confiança.
Uma agenda positiva para Portugal deve incluir:
uma melhoria da qualidade, por aumento da exigência do ensino secundário e superior e uma maior incidência nas áreas científicas e tecnológicas;
uma aposta na inovação e "up -grading" tecnológico dos equipamentos;
uma maior concentração dos investimentos públicos nas empresas exportadoras ena captação do investimento estrangeiro, tornando o equilíbrio da balança de pagamentos uma das principais prioridades da política económica;
uma utilização criteriosa dos investimentos públicos para o aumento da produtividade e da competitividade.