quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

UMA NOVA ORDEM MUNDIAL

Será possível gerir a economia mundial com a sua grande dimensão e com tantos países e povos diferentes?
Quais são os fatores determinantes para ser conseguido um determinado resultado?
Cada vez mais, são as empresas que começam a ver oportunidades internacionais fora do seu mercado nacional. As subidas dos preços dos alimentos e da energia, têm implicações em todo o mundo, à medida que absorvem uma proporção cada vez maior de rendimentos disponíveis, de muitas pessoas, especialmente dos mais pobres.
A globalização veio aumentar a concorrência, mantendo os salários baixos em muitas economias ocidentais, enquanto, ao mesmo tempo, a concorrência em termos de talentos e postos de trabalho, é intensa. Cada vez mais pessoas, em todo o mundo, veem aumentar os seus rendimentos, o que lhes permite, viajar, gastar e investir internacionalmente. Neste contexto, necessitamos de novas instituições. É certo, que cada vez mais, as economias são interdependentes, o que significa, que muitos países podem partilhar os frutos do crescimento. Numa economia, o resultado depende da interação entre os princípios fundamentais, política e confiança. É quase difícil medir a confiança. A confiança por si só, não consegue levar uma economia muito longe, no entanto, a sua importância não pode ser subestimada. As empresas precisam de confiança antes de investir, e as pessoas também dela necessitam, antes de gastarem muito dinheiro.
As pessoas criaram o hábito de se familiarizar com o modo como as coisas funcionam no seu país, uma vez, que é lá que as suas leis são aprovadas, os impostos são pagos e, enquanto o país for uma democracia onde se vota.
O que acontece a nível nacional, pode influenciar, ou ser influenciado, pelo que acontece no exterior.
É por isso, que é mais importante, do que foi alguma vez no passado, controlar as instituições regionais e mundiais.
Alguns, poderão dizer, que não são as instituições, mas sim o dinheiro, que faz girar o mundo. Quanto dinheiro está concentrado nas mãos de tão poucos? Pelo lado positivo, em anos recentes, as economias emergentes, criaram mais riqueza.É uma boa notícia, porque reflete a fatia crescente que têm no bolo  económico mundial, e , porque ajudam a sair mais pessoas da pobreza extrema proporcionando uma base firme, onde se pode construir o futuro crescimento mundial, com áreas múltiplas de procura interna mais forte.
Uma tendência que vale a pena sustentar, é a de que, embora se tenha visto que a globalização e o crescimento da economia mundial, fizeram desaparecer os fossos de rendimento entre os países, estes aumentaram no interior de alguns países. Isto é um sinal de que a globalização, está a funcionar a nível internacional.A globalização torna mais difícil tributar áreas que são móveis, como as multinacionais, ou os trabalhadores altamente especializados, a não ser que todos adiram a uma abordagem política dos impostos mundiais. É certo, que a eficácia das políticas nacionais, pode ser influenciada, pelo que se passa no mundo.
No decurso da globalização, as grandes empresas internacionais, tornaram -se mais móveis, capazes de transferirem as suas operações de um lado para o outro, criando empregos em múltiplos locais.
Os países de todo o mundo cortejam as empresas mundiais, com a esperança de atraírem o seu investimento e os seus empregos. Muitas das  grandes empresas listadas nas principais bolsas, realizam uma grande quantidade dos seus negócios no estrangeiro. Os fabricantes e os call centers podem transferir as suas operações, para onde os custos sejam inferiores, enquanto as empresas do setor dos serviços vão para onde existe pior procura.
Vejamos as principais instituições mundiais: FMI,G20,OMC: verificamos que numa economia mundial, onde o conhecimento e o poder são importantes, a capacidade de influenciar o debate económico e político pode ser crucial. Desde logo, a importância das instituições e grupos mundiais, não deveria basear -se apenas no modo como se resolvem as questões e atribuírem fundos, mas também, como influenciam o pensamento, atitudes e comportamentos.
Quanto mais pensamos nesses grupos, mais possibilidade temos de nos questionar se funcionam, e, quão provável trabalham ou, não no futuro. Por exemplo, como irão interagir com os governos nacionais? As instituições mundiais adequam -se à sua finalidade ou precisam de mudar?
Como podemos garantir que essas instituições fazem um bom trabalho, de modo, a ajudar a economia mundial a crescer?
O grande desafio tanto para os grupos mundiais, como mundiais é que parece haver um desejo natural de se expandirem sempre e nunca reduzir. A coordenação de políticas a nível mundial, centra -se nos motores da economia em muitos países. Exige uma consciência dos danos que os atos de um país poderão provocar a outros, e dos momentos, em que faz sentido, agir em conjunto, para maximizar as oportunidades e obter resultados bem sucedidos. A coordenação política mundial faz sentido, mas é difícil de atingir na prática. A riqueza e o poder de compra estão altamente concentrados. Isso, reforça a necessidade de de uma estrutura institucional certa em todo o mundo, Quer se trate de países ricos ou pobres, em todo o mundo, todos têm de ser regidos pela mesmas normas
Necessitamos de uma estrutura institucional certa, que resolva as questões mundiais fundamentais.
A coordenação da política mundial, pode funcionar e mudar as coisas, e, portanto, quanto mais credíveis, forem as instituições, tanto mais eficazes podem ser.
Também devem ser criadas de forma adequada, de modo a refletirem, como a economia mundial está a mudar e terem legitimidade aos olhos da maior parte dos países do mundo. Se os países decidirem trabalhar juntos, em políticas regionais e mundiais, têm de aceitar alguns compromissos em termos das suas próprias políticas internas.Considerando que uma boa economia, significa uma boa política, as alianças em grupos regionais ou mundiais, deveriam fazer sentido, em termos económicos.
No futuro, as economias bem sucedidas, serão aquelas que seguirem as diretrizes de adaptação de mudança e de jogo dos pontos fortes, assumindo uma posição eficaz,  transformando -se num local atraente onde investir para os empresários, tendo a economia mundial por objetivo um forte crescimento sustentável.

domingo, 6 de dezembro de 2015

UMA EUROPA MAIS UNIDA

Durante a crise financeira os membros nórdicos da Zona Euro resgataram  os seus homólogos do Sul, oferecendo enormes resgates financeiros e apoiando a promessa do Banco Central Europeu, de salvar o Euro, a qualquer custo. Contudo, quando a Alemanha, solicitou, recentemente um sistema de quotas para resolver o afluxo maciço de refugiados, os seus parceiros, não mostraram a mesma solidariedade. Agora, que a França, recuperando dos ataques de Paris, declarou guerra ao Estado Islâmico, outros países europeus, encolheram os ombros, murmuram condolências e esperam silenciosamente que o conflito não os afete. A inflação é clara: ainda que a Europa tenha feito progressos significativos em direção à União Orçamental, permanece muito longe da União Política.
Meio século depois da fundação de um mercado comum e 15 anos após o lançamento da moeda única, a Europa ainda não dispõe de uma força policial unificada e de uma política externa comum.
Alguns líderes europeus, defendem que a Europa deveria estar a acelerar os progressos em direção à União Orçamental, através de um regime comum de garantia de depósitos, um orçamento comum, eurobonds, uma maior patilha de riscos financeiros, e um sistema unificado de subsídios de desemprego, o mais rapidamente possível.
Mas na verdade, essas medidas só iriam agravar os defeitos estruturais da Zona Euro. Sustentariam falsos preços relativos - o resultado de uma bolha de crédito, inflacionaria ao Sul, que se formou após a adoção do Euro - que estão a impedir os países do Sul da Europa de recuperarem a competitividade.
Como resultado, o desemprego estrutural em França e no Sul da Europa persistiria.
Além disso, as medidas propostas, agravaram os problemas da dívida pública da Europa, ao reduzirem o diferencial das taxas de juro entre os países, ao sustentarem bolhas nos preços dos ativos e ao destruírem o papel de alocação de recursos no mercado de capitais. A desvantagem de fortalecer a União Orçamental da Europa não acaba por aqui: o progresso contínuo em direção à União Orçamental, significaria paradoxalmente, tornar mais improvável a União Política por uma simples, mas importante razão: França..
França que é de longe, a maior potência militar da Europa, impediu todas as tentativas de congregar as forças armadas da Europa. Em 1954, a Assembleia Nacional Francesa, rejeitou o tratado para a a Organização da Defesa da União Ocidental. Em 2005, França rejeitou a proposta da União Europeia, que poderia ter marcado o início do processo de unificação política. França, cujo sistema bancário e industrial está fortemente exposta ao Sul da Europa, é um dos principais beneficiários da União Orçamental. Quando a crise financeira global começou, a exposição dos bancos franceses à Grécia de 58 mil milhões de euros, era o dobro dos bancos alemães. Perante isto, é compreensível que a França prefira a União Orçamental à União Politica. Mas se outros países europeus aceitam esta preferência, e a Europa continua no seu caminho desequilibrado de integração, não há forma de convencer a França a apoiar a União Politica. Talvez o tráfico massacre terrorista em Paris altere a aversão francesa à integração política. Ao destacar que mesmo uma potência militar poderosa precisa, por vezes, de apoio, o ataque pode vir a tornar -se um fator decisivo no esforço de criar uma união política europeia.. Para que isso aconteça, os países da Europa, devem unir -se para ajudar a França na sua luta, contra o Estado Islâmico. Ao mesmo tempo, a França e outros países da União Europeia, devem ajudar a Alemanha, a Áustria, a Suécia a Hungria e a Eslovénia, a atenuarem a crise dos refugiados, aceitando um sistema de quotas.
Numa altura em que a Europa tenta construir uma união sustentável, estável e próspera, deve olhar para uniões de sucesso, como os EUA e a Suíça, para servirem de guias. Ambas as uniões, começaram com organizações de defesa militar e só mais tarde se desenvolveram como uniões orçamentais. Foram necessárias décadas, senão séculos, para se conseguirem orçamentos públicos consideráveis e para se começarem a envolver na redistribuição de rendimentos.
É tempo da União Europeia mudar a sua abordagem de integração. Em vez de continuar a insistir numa integração orçamental desequilibrada, deve trabalhar no sentido de implementar elementos chave da união política, incluindo uma força policial integrada, uma legislação de asilo comum, e, acima de tudo, um exército unido.
Na realidade, o projeto europeu refere - se ao esforço de uma construção de uma Europa próspera e pacífica, através de uma crescente integração social e económica. Esse esforço começou há mais de 60 anos com a formação da Comunidade do Carvão e do Aço. O trabalho continuou com a criação do Mercado Comum em 1959, incluindo as novas democracias na Europa do Sul; o Ato Único Europeu, assegurando a livre circulação de pessoas e bens, o alargamento posterior da União Europeia aos antigos países comunistas, o acordo de Schengen, que removeu muitos controlos de fronteira no continente, e, a criação de uma moeda única europeia..
Durante muito tempo, o projeto europeu correu bem, com a Europa a crescer firmemente próspera, pacífica e livre. Contudo, o projeto europeu, foi criando uma crescente interdependência sem criar instituições.
O que preocupa os europeus?
À primeira vista, a crise financeira, a crise dos refugiados e os ataques terroristas, podem parecer não ter nada em comum. Mas em cada um dos casos, a capacidade da Europa para se proteger, foi minada pela união imperfeita. Na crise financeira, existe um consumo alargado entre os economistas, de que as aflições da Europa, eram principalmente causadas pelas mudanças de humor, entre os investidores privados que gastaram dinheiro no Sul da Europa, após a criação do euro, e, depois abruptamente reverteram a tendência.
No caso dos refugiados, as políticas de imigração, em geral, são más em todo o lado, no entanto, a Europa, ainda está a tentar manter abertas as fronteiras internas, ao mesmo tempo, que deixa a gestão das fronteiras nas mãos de governos nacionais, como o da Grécia empobrecida e devastada pela austeridade. Quanto ao terrorismo, nenhuma sociedade livre, pode estar segura contra ataques.
Idealmente, a Europa responderá a estes problemas reforçando a sua união, criando mais instituições
necessárias para gerir a interdependência. Mas a vontade política, para este tipo de medidas,parece faltar.
Os líderes europeus estão e muito bem, preocupados num projeto europeu danificado  no seu todo.
Qual a alternativa realista? É difícil responder.Mas é importante a União Europeia mudar a sua abordagem de integração, mantendo -se mais coesa, nas vertentes económica e política.




sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

OS DESAFIOS DA POLITICA ECONÓMICA EM PORTUGAL

No curto prazo, Portugal deverá ter um futuro económico, social e ambiental sustentável. Deverão ser reduzidos os elevados níveis de desemprego/subemprego. No  longo prazo deverá ser criada uma sociedade menos desigual, uma economia menos desigual, uma sociedade menos desigual, uma economia mais qualificada, um padrão de ocupação do território mais racional, bem como, práticas de produção e consumo menos agressivas para o ambiente.
Portugal é hoje um país, ainda endividado, empobrecido e menos qualificado, com menos capacidade produtiva, sem que tenham sido resolvidos os problemas estruturais, que estão na base do mau desempenho económico ( uma estrutura produtiva frágil e um dos mais baixos níveis de educação do mundo desenvolvido). Além disso o país aceitou sujeitar -se a regras orçamentais que nos obrigam a prosseguir o caminho da austeridade financeira durante muitos anos.
As sociedades mais desiguais estão sujeitas a mais tensões sociais, traduzindo -se em disfunções de vários tipos: doenças mentais, abuso de drogas, obesidade, baixo desempenho escolar, violência e insegurança. Portugal é um dos países mais desiguais do mundo desenvolvido tendo anos de austeridade, agravando este problema, de acordo com todos os indicadores disponíveis. A política económica em Portugal, enfrenta três desafios fundamentais: reduzir a dívida pública, reduzir a dívida externa, aumentar o crescimento e a criação de emprego.Porquê? Sem uma reestruturação profunda da dívida pública, a sua redução, implica prosseguir a austeridade com efeitos nefastos sobre o crescimento e o emprego. Sem a possibilidade de uma desvalorização cambial, a redução da dívida externa implica prosseguir com a desvalorização dos salários e com a desregulação do mercado de trabalho, o que não só contrai o mercado interno, como diminui a base da receita fiscal(dificultando a redução da dívida pública). As instituições europeias, insistem que Portugal deve dar prioridade ao reequilíbrio das finanças públicas e das contas externas, porque isso é fundamental para credibilizar o euro.
A prioridade é única: criar emprego. De acordo com o FMI,existem atualmente em Portugal cerca de de um milhão e duzentas mil pessoas em idade de trabalhar que não conseguem encontrar emprego em condições. Esta é não só, uma das principais fontes de pobreza e de desigualdades sociais, mas também a principal fonte de delapidação das contas do Estado e da Segurança Social, e também, o principal fator de emigração, que tem vindo a acelerar os problemas de envelhecimento demográfico. Para criar emprego, é necessário pôr a economia a crescer. E isso não será possível, se não se colocarem em causa, as atuais regras orçamentais da União Europeia e os termos de pagamento da dívida pública.
Na conjuntura atual, menos de 10% das famílias têm rendimentos que permitem fazer pelo menos, uma semana de férias fora de casa. Mais de um milhão de pessoas não consegue encontrar um emprego. A pobreza é um problema sério em Portugal. A economia portuguesa não se preparou devidamente para a integração na união económica e monetária. Sofreu, depois, o choque da entrada de diversas economias emergentes, nos principais fluxos do comércio internacional(economias com um padrão de produção e exportação muito relacionadas com a nossas, mas trabalhando com custos muito inferiores, sendo mais atrativas para o investimento . Além disso, Portugal enfrenta, desde algum tempo, uma evolução demográfica adversa, com impactos potenciais significativos,no mercado de trabalho, nas pensões e nas contas públicas, bem como  uma contínua revolução tecnológica, que torna os processos produtivos mais fluidos, mais fragmentados e automatizados. A melhoria das infra-estruturas em que Portugal investiu era necessária e útil.Houve impactos difíceis na economia? Sim.
Qualquer opção de política económica que ignore esta realidade, e que se foque em estímulos de curto prazo, está condenada ao fracasso.
Segundo Stighitz, a saída da crise, passa por políticas que promovam o crescimento económico: só assim será possível pagar as dívidas acumuladas.Por isso defende investimentos em infra -estruturas necessárias. Todos sabemos, que a austeridade, leva a um menor crescimento económico e a uma maior desigualdade. Poderá fazer sentido, baixar os impostos, para as empresas que investem no país. Além do mais, os impostos mais progressivos sobre o património, são uma forma de gerar receitas sem aumentar a desigualdade ou prejudicar o crescimento. Mais impostos a financiarem a despesa produtiva, teriam mais sucesso de resolver a crise, do que medidas de austeridade que reduzam o défice, na mesma dimensão, mas que reduzam o défice, na mesma dimensão,prejudicando o crescimento acabando por dificultar o pagamento das dívidas.
Sobre a desigualdade, é urgente, mudar as atuais regras de mercado para reduzir os níveis de desigualdade entre países, pois a desigualdade, prejudica o crescimento e a democracia.