sexta-feira, 2 de março de 2018

A GLOBALIZAÇÃO: O IMPACTO NO MUNDO

No mundo rico vivem cerca de mil milhões de pessoas, o que corresponde a 1,5% da população mundial mais que representa cerca de metade do PIB mundial. O futuro da humanidade depende essencialmente daquilo que acontecer nos restantes países do mundo, onde vivem 6 mil milhões de pessoas, o que representa 85% da população mundial, e que serão responsáveis pela quase totalidade (97%) do aumento da população prevista para 2100.
A história industrial moderna, ou pelo menos a maior parte dela, é uma narrativa em que as economias do mundo emergente, ficam cada vez mais para trás do mundo rico, em matéria de rendimento, e níveis de vida.
O Know-how- o capital social que alimenta o crescimento da riqueza no mundo rico, passou ao lado da maioria das economias pobres, se exceptuamos um outro caso isolado de sucesso, de que o Japão e a Coreia do Sul são bons exemplos.
Durante as duas últimas décadas, esse padrão ruiu de forma significativa, quando uma conjugação de fatores económicos, entre os quais a revolução digital, integrou milhares de milhões de novos trabalhadores na economia global.
Os trabalhadores dos mercados emergentes, dão um dos principais contributos para a atual abundância de mão-de-obra, A sua entrada nos mercados globais de trabalho contribuem para a ascensão de uma classe média à escala mundial, e reduzem os rendimentos dos trabalhadores menos qualificados do mundo rico.
Acontece, porém, que esta explosão dos mercados emergentes não assentou numa consolidação generalizada das instituições, embora ela não tivesse acontecido, sem as reformas económicas da China e da Índia, nenhum destes países, nem os mercados emergentes em geral, desenvolveram o intenso capital social que permitiu o crescimento seguro e constante dos países ricos, ao longo de mais um século.
O mundo emergente que encontrou uma forma de contornar o estrangulamento do seu capital social.
Em alternativa, ao processo penoso de desenvolver a capacidade de transformar as ideias e o Know-how em projetos úteis e lucrativos, num longo espectro de setores de atividade económica, o mundo emergente, percebeu que podia apanhar migalhas da atividade em curso em países mais ricos, e de colher alguns frutos da capacidade de crescimento desses países.
Entretanto, a era do crescimento rápido dos mercados emergentes está a chegar ao fim.
A revolução digital está a contribuir para o seu abrandamento, e,  no futuro fará com que os países pobres tenham mais dificuldade em repetir o desempenho  económico dos últimos vinte anos.
Uma vez mais, as economias ricas desfrutaram de um quase-monopólio de todos os tipos de capital necessários para criar os rendimentos típicos dos países ricos.
O abrandar do crescimento dos mercados emergentes tem graves consequências. Amais importante é a de que milhões de pessoas continuarão muito mais pobres, do que o esperado.
A estagnação dos rendimentos nos países mais pobres irá exacerbar as tensões políticas em algumas regiões, e dificultar a adaptação das populações das economias emergentes às dificuldades, entre as quais as alterações climáticas.
Sendo certo, que o capital humano e o capital físico desempenham papéis importantes na geração de rendimentos elevados, o capital social, é o fator indispensável..
Os países prósperos têm instituições sólidas, tais como os governos fortes e estáveis, empenhados em proteger os direitos de propriedade individual.
O capital social fomenta a evolução e o desenvolvimento de instituições impulsionadoras do crescimento, que por sua vez, fomentam a acumulação contínua do capital social.
É possível que o mundo regresse a uma situação em que os rendimentos dos países ricos crescem cada vez mais, em relação aos países pobres, mas não os devemos surpreender com a descoberta de que o mundo continua a ser um lugar, onde é muito difícil enriquecer, e são raros os países que conseguem dar o salto.
Se algum novo modelo de desenvolvimento emergiu dos mercados emergentes, foi certamente um modelo, em que pequenas bolsas de economias em desenvolvimento melhoraram a sua capacidade social e tecnológica para competir na economia global do conhecimento científico.
Acontece porém, que o notável progresso tecnológico da era digital é refractado pelas instituições industriais, de modo que não permitem ver quem está a causar o quê.
Não há dúvida que as novas tecnologias têm o potencial necessário para evolucionar a sociedade e a economia, e estão a surgir empresas que prometem levar a sociedade por este caminho.
Contudo, os danos colaterais, sob a forma de empresas falidas e trabalhadores despedidos, acumulam-se.
Os trabalhadores que necessitam de dinheiro para viver, procuram trabalho e aceitam cortes salariais quando não têm outro remédio. Os salários mais baixos são um incentivo para as empresas usarem os trabalhadores em tarefas menos produtivas.
O afluxo de pessoas a empregos de baixa produtividade tem o feito de fazer com que a sociedade pareça mais pobre do que é.
E os baixos salários têm também o efeito de tornar a sociedade mais pobre do que devia ser.
As alterações tecnológicas, são difíceis de prever.
 Mas à medida que aumentam as capacidades tecnológicas, reduz-se o conjunto de tarefas, pelo que os humanos têm algumas vantagens.
Como as sociedades produtivas, são o lugar de redistribuição, tanto os trabalhadores produtivos, como os improdutivos, têm interesse em definir o melhor possível as suas fronteiras.
 É a realidade de redistribuição que leva a sociedade ao efeito de escassez na repartição dos ganhos no seio da sociedade, em detrimento do efeito da própria sociedade, na produtividade e no bem-estar.
A redistribuição, é o único meio de conseguir que os rendimentos dos trabalhadores menos produtivos, acompanhem o crescimento da produção média por pessoa.
O objetivo do progresso tecnológico é melhorar as vidas humana, devido à ampliação do mercado e não a qualquer manifestação de empatia humanitária.
O desafio é criar um interesse social alargado numa redistribuição abrangente.
 Como?
Compartilhar a riqueza criada pelas instituições sociais produtivas que evoluíram e o conhecimento que se gerou, cultivando a empatia humana e fazer tudo quanto esteja ao seu alcance, a fim de tornar a riqueza dos humanos extensiva a toda a gente.

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